sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Eles estão doidos

Por António Barreto A MEIA DÚZIA DE LAVRADORES que comercializam directamente os seus produtos e que sobreviveram aos centros comerciais ou às grandes superfícies vai agora ser eliminada sumariamente. Os proprietários de restaurantes caseiros que sobram, e vivem no mesmo prédio em que trabalham, preparam-se, depois da chegada da “fast food”, para fechar portas e mudar de vida. Os cozinheiros que faziam a domicílio pratos e “petiscos”, a fim de os vender no café ao lado e que resistiram a toneladas de batatas fritas e de gordura reciclada, podem rezar as últimas orações. Todos os que cozinhavam em casa e forneciam diariamente, aos cafés e restaurantes do bairro, sopas, doces, compotas, rissóis e croquetes, podem sonhar com outros negócios. Os artesãos que comercializam produtos confeccionados à sua maneira vão ser liquidados. A SOLUÇÃO FINAL vem aí. Com a lei, as políticas, as polícias, os inspectores, os fiscais, a imprensa e a televisão. Ninguém, deste velho mundo, sobrará. Quem não quer funcionar como uma empresa, quem não usa os computadores tão generosamente distribuídos pelo país, quem não aceita as receitas harmonizadas, quem recusa fornecer-se de produtos e matérias-primas industriais e quem não quer ser igual a toda a gente está condenado. Estes exércitos de liquidação são poderosíssimos: têm Estado-maior em Bruxelas e regulam-se pelas directivas europeias elaboradas pelos mais qualificados cientistas do mundo; organizam-se no governo nacional, sob tutela carismática do Ministro da Economia e da Inovação, Manuel Pinho; e agem através do pessoal da ASAE, a organização mais falada e odiada do país, mas certamente a mais amada pelas multinacionais da gordura, pelo cartel da ração e pelos impérios do açúcar. EM FRENTE À FACULDADE onde dou aulas, há dois ou três cafés onde os estudantes, nos intervalos, bebem uns copos, conversam, namoram e jogam às cartas ou ao dominó. Acabou! É proibido jogar! Nas esplanadas, a partir de Janeiro, é proibido beber café em chávenas de louça, ou vinho, águas, refrigerantes e cerveja em copos de vidro. Tem de ser em copos de plástico. Vender, nas praias ou nas romarias, bolas de Berlim ou pastéis de nata que não sejam industriais e embalados? Proibido. Nas feiras e nos mercados, tanto em Lisboa e Porto, como em Vinhais ou Estremoz, os exércitos dos zeladores da nossa saúde e da nossa virtude fazem razias semanais e levam tudo quanto é artesanal: azeitonas, queijos, compotas, pão e enchidos. Na província, um restaurante artesanal é gerido por uma família que tem, ao lado, a sua horta, donde retira produtos como alfaces, feijão verde, coentros, galinhas e ovos? Acabou. É proibido. Embrulhar castanhas assadas em papel de jornal? Proibido. Trazer da terra, na estação, cerejas e morangos? Proibido. Usar, na mesa do restaurante, um galheteiro para o azeite e o vinagre é proibido. Tem de ser garrafas especialmente preparadas. Vender, no seu restaurante, produtos da sua quinta, azeite e azeitonas, alfaces e tomate, ovos e queijos, acabou. Está proibido. Comprar um bolo-rei com fava e brinde porque os miúdos acham graça? Acabou. É proibido. Ir a casa buscar duas folhas de alface, um prato de sopa e umas fatias de fiambre para servir uma refeição ligeira a um cliente apressado? Proibido. Vender bolos, empadas, rissóis, merendas e croquetes caseiros é proibido. Só industriais. É proibido ter pão congelado para uma emergência: só em arcas especiais e com fornos de descongelação especiais, aliás caríssimos. Servir areias, biscoitos, queijinhos de amêndoa e brigadeiros feitos pela vizinha, uma excelente cozinheira que faz isto há trinta anos? Proibido. AS REGRAS, cujo não cumprimento leva a multas pesadas e ao encerramento do estabelecimento, são tantas que centenas de páginas não chegam para as descrever. Nas prateleiras, diante das garrafas de Coca-Cola e de vinho tinto tem de haver etiquetas a dizer Coca-Cola e vinho tinto. Na cozinha, tem de haver uma faca de cor diferente para cada género. Não pode haver cruzamento de circuitos e de géneros: não se pode cortar cebola na mesma mesa em que se fazem tostas mistas. No frigorífico, tem de haver sempre uma caixa com uma etiqueta “produto não válido”, mesmo que esteja vazia. Cada vez que se corta uma fatia de fiambre ou de queijo para uma sanduíche, tem de se colar uma etiqueta e inscrever a data e a hora dessa operação. Não se pode guardar pão para, ao fim de vários dias, fazer torradas ou açorda. Aproveitar outras sobras para confeccionar rissóis ou croquetes? Proibido. Flores naturais nas mesas ou no balcão? Proibido. Têm de ser de plástico, papel ou tecido. Torneiras de abrir e fechar à mão, como sempre se fizeram? Proibido. As torneiras nas cozinhas devem ser de abrir ao pé, ao cotovelo ou com célula fotoeléctrica. As temperaturas do ambiente, no café, têm de ser medidas duas vezes por dia e devidamente registadas. As temperaturas dos frigoríficos e das arcas têm de ser medidas três vezes por dia, registadas em folhas especiais e assinadas pelo funcionário certificado. Usar colheres de pau para cozinhar, tratar da sopa ou dos fritos? Proibido. Tem de ser de plástico ou de aço. Cortar tomate, couve, batata e outros legumes? Sim, pode ser. Desde que seja com facas de cores diferentes, em locais apropriados das mesas e das bancas, tendo o cuidado de fazer sempre uma etiqueta com a data e a hora do corte. O dono do restaurante vai de vez em quando abastecer-se aos mercados e leva o seu próprio carro para transportar uns queijos, uns pacotes de leite e uns ovos? Proibido. Tem de ser em carros refrigerados. TUDO ISTO, como é evidente, para nosso bem. Para proteger a nossa saúde. Para modernizar a economia. Para apostar no futuro. Para estarmos na linha da frente. E não tenhamos dúvidas: um dia destes, as brigadas vêm, com estas regras, fiscalizar e ordenar as nossas casas. Para nosso bem, pois claro.
«Retrato da Semana» - «Público» de 25 de Novembro de 2007

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Ei, você...

Ei, você !!! Sorria...
Mas não se esconda atrás desse sorriso....
Mostre aquilo que você é, sem medo...
Existem pessoas que sonham com o seu sorriso, assim como eu...
Viva! Tente!
A vida não passa de uma tentativa.
Ei, ame acima de tudo, ame a tudo e a todos.
Não feche os olhos para a sujeira do mundo... não ignore a fome !
Procure o que há de bom em tudo e em todos.
Não faça dos defeitos uma distância, e sim, uma aproximação..
Aceite a vida, as pessoas.. Faça delas a sua razão de viver... Entenda !
Entenda as pessoas que pensam diferente de você (não as reprove).
Ei, olhe...
Olhe a sua volta quantos amigos....
Você já tornou alguém feliz hoje, Ou fez alguém sofrer com o seu egoísmo?
Ei, não corra.
Para que tanta pressa?
Corra apenas para dentro de você..
Sonhe !
Mas não prejudique ninguém e não transforme seu sonho em fuga.
Acredite !
Espere !
Sempre haverá uma saída, sempre brilhará uma estrela.
Chore, lute !!!
Faça aquilo que gosta, sinta o que há dentro de você.
Ei, ouça...
Escute o que as outras pessoas têm a dizer...É importante !!!
Suba... Faça dos obstáculos, degraus para aquilo que você acha supremo.
Mas não esqueça daqueles que não conseguem subir a escada da vida.
Ei, descubra !!!
Descubra aquilo que há de bom dentro de você.
Procure acima de tudo ser gente.. Eu também vou tentar.
Ei, você...
Não vá embora.
Eu preciso dizer-lhe que...
Te adoro, simplesmente porque você existe !!!

Charles Chaplin

terça-feira, 20 de novembro de 2007

O fim...




O tempo passa a caminhos largos. Não tarda mais um mês chegou ao fim, e num ápice mais um ano terminou.
E nós muitas das vezes estamos sentado a ver o tempo passar, olhamos para o relógio e ficamos hipnotizados a ver os ponteiros moverem-se...cada segundo...cada minuto...cada hora!




E continuamos a ver o tempo passar, inertes ao mundo lá fora. À espera que algo aconteça, que algo mude.

Mas nada muda se não corrermos atrás, isso está mais do que provado.


Lá fora um mundo imenso espera por nós, pela nossa força pela nossa conquista...e tem tanto para nos mostrar e para nos dar, só temos que partir à descoberta.

Sair do nosso porto de abrigo e zarpar rumo ao desconhecido e alcançar com os nosso próprios olhos a beleza que nos rodeia.

Temos que ganhar asas e voar, sair dos nosso ninhos das nossas tocas, da nossa casca e partir em direcção ao infinito.

O ano está a chegar ao fim, está na hora de fazer uma retrospectiva e decidir o que precisa de ser mudado ou não.

De criar as nossas listas de prioridades para o novo ano, depois só temos que esperar para ver se há coragem suficiente para alcançar tudo aquilo que desejamos.

Mas para isso cá estaremos para ver...

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Teoria da Relatividade



Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.

Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base...
Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides, boca trapezóide,
Corpo ortogonal, seios esferóides.

Fez da sua
Uma vida
Paralela à dela.
Até que se encontraram
No Infinito.

"Quem és tu?" indagou ele
Com ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode chamar-me Hipotenusa."

E de falarem descobriram que eram
O que, em aritmética, corresponde
A alma irmãs
Primos-entre-si.

E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz.
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Rectas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.

Escandalizaram os ortodoxos
das fórmulas euclidianas
E os exegetas do Universo Finito.

Romperam convenções newtonianas
e pitagóricas.
E, enfim, resolveram casar-se.
Constituir um lar.
Mais que um lar.
Uma Perpendicular.

Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissectriz.
E fizeram planos, equações e
diagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidade
Integral
E diferencial.

E casaram-se e tiveram
uma secante e três cones
Muito engraçadinhos.
E foram felizes
Até àquele dia
Em que tudo, afinal,
se torna monotonia.

Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum...
Frequentador de Círculos Concêntricos.
Viciosos.

Ofereceu-lhe, a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.

Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais Um Todo.
Uma Unidade.
Era o Triângulo,
chamado amoroso.
E desse problema ela era a fracção
Mais ordinária.

Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade.
E tudo que era espúrio passou a ser
Moralidade
Como aliás, em qualquer
Sociedade.

(Autor desconhecido)

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Amesterdão, vale a pena ir...e se houver oportunidade voltar...

Uma cidade que se desenvolve no meio de tantos canais, cheias de pontes e casinhas estreitas e inclinadas. Á primeira vista poderíamos pensar que seria o cogumelo mágico ou o charrito a fazer efeito, mas não as casas são mesmo inclinadas.





Muito giras pequeninas com enormes janelas, as mudanças dos moveis são feitas pelas janelas com ajuda de uma roldana que se coloca no topo das casas. Sim porque subir as escadas seria impossível, estreitas e em caracol, até com as malas foi um filme para subir e descer para o quarto de hotel.



E depois aquele friozinho que faz na cidade que contrasta com o quente de todos os restantes sítios onde se entra. O frio recordava-me os sete anos que passei na Covilhã...que saudades!


E as bicicletas, carradas e carradas delas. Ao atravessar a estrada temos que nos preocupar não com os carros mas sim com as biclas, elas aparecem de todos os lados e nem nos passeios estamos a salvo. E tudo se transporta de bicicleta, desde bébés quase recém nascidos até torres de computadores que vão debaixo do braço.


E bicicletas que quase parecem saídas daqueles filmes a branco e preto, enquanto em Portugal queremos ter sempre a bicla mais recente eles lá devem dar respeito a pessoa que tem a mais ferrugenta. Isto não falando dos cadeados são quase tão grandes como as bicicletas!


A cidade é toda muito harmoniosa, embora que todas as ruas parecem iguais.


Há sempre qualquer coisa para ver ou para visitar, os museus o Rijks com os quadros de Rembrandt impressionantes e o Van Gogh, ver mesmo ao vivo aqueles quadros que todos conhecemos de livros e posters é arrepiante.


Tem jardins onde mesmo com o frio e chuva se vê pessoas sentadas nos bancos de jardim, pessoas a passear, uma criança que corria feliz dentro de uma poça de agua.


As noites também são animadas, todos os restaurantes e bar super pequeninos, mas com aspecto acolhedor e quentinhos enchem-se de pessoas a conviver e a beber uns copos. As famosas cofeeshops enchem-se de pessoas à procura de novas sensações, seja dos cogumelos dos charros ou do space cake, ou então como simples ponto de encontro entre amigos para uma boa cavacada.

E claro está que a noite todas as ruas vão dar Red Light District. Montras e montras pequenas com meninas semi-despidas, algumas super bonitas que nos perguntamos porque elas estão ali.

Na rua toda a gente vai passando, seja por simples passeio ou turismo, por curiosidade ou mesmo à procura do que por ali existe, e existe mesmo de tudo, há para todos os gostos!



Pena é que os dias passam a correr, mas é claramente uma cidade super agradável onde sem dúvida dá vontade de regressar.

Quanto mais não seja para ver os holandeses giros e grandes e jeitosos de olhos claros que se cruzam connosco ;)



Até um dia quem sabe....

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Gaivotas em terra...





E mais um fim-de-semana excelente.

O sol voltou a fazer-nos companhia e nada melhor do que estar numa esplanada simplesmente apanhar um solinho.

E nada melhor que isso do que estar a beira mar. É realmente a parte boa de se estar no Algarve.

O problema é o contraste com as noites, frias em que já só dá vontade de estar num sitio quentinho a beber um cházinho.






E como é giro ver tanta Gaivota em terra....

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Obcecada por dietas...


Tenho uma amiga que agora decretou que está quadrada.

Conclusão entrou em dieta rigorosa.

É de morrer a rir ver as caras feias que ela faz com a comida sem sabor que anda a ingerir.

Neste momento está comer uma maça enorme daquelas amargas e ainda por cima faz uma barulheira a come-la que incomoda toda a gente aqui na sala.

Ela diz que a dieta está a correr bem, no entanto ela não mexe aquele rabo, acorda de manha vem para o trabalho de carro, está todo o dia sentada e ao final do dia regressa a casa de carro. Já a convidei várias vezes para vir para a ginástica comigo, resposta "Não tenho tempo".

Como é que alguém que está de dieta não se quer mexer.

Obriga-la a desistir do pacote de açúcar naquela pequena chavena de café também foi uma luta enorme, agora já vai com uma pastilha de adoçante.

Será que ela se vai aguentar por muito mais tempo??

Cá estamos nós para analisar e criticar a situação......